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Por que usar o ambiente de desenvolvimento em inglês?

Por que usar o ambiente de desenvolvimento em inglês?

#dicas#opiniao#dev
por vítor norton, em 25/05 às 00h00

Por que usar o ambiente de desenvolvimento em inglês?

Toda vez que inicio uma turma nova em programação, especialmente dotnet, eu recomendo a instalação do Visual Studio em inglês, mesmo que a pessoa não o saiba. Isso facilita muito o aprendizado, e vou tentar explicar aqui os motivos, para além de “é um jargão”.
Mesmo antes de ser fluente em inglês, eu já usava as ferramentas neste idioma. Claro que estudar e praticar inglês enquanto fazia o mesmo com programação, ajudou muito nesse processo, mas para além disso, é preciso diferenciar aqui o saber inglês e o querer programar.
Uma grande parte dos meus alunos começam a usar o sistema em português, mas no meio da aula pede ajuda para mudar para inglês. Motivo: ficava para trás pois perdia muito tempo procurando uma palavra, as opções certas ou simplesmente não conseguiam fazer proveitos de tutoriais na internet – independentemente se estava em português ou inglês, as imagens, os prints adicionados no texto estão escritos nas mesmas estavam em inglês.
Mesmo que você não entenda inglês, muito do conteúdo que você irá aprender vem deste idioma, então eventualmente você vai cair em um tutorial em inglês e terá que conseguir segui-lo. Adotar as ferramentas em inglês facilitam esse processo. Só reforçando: não é sobre querer falar inglês e exercitar a língua norte-americana, é sobre tornar o estudo mais fluido, abrangente.
Ao que no primeiro momento se é visto como uma curva de aprendizagem grande, no avançar da carreira é percebido o quanto o uso do inglês fez falta lá no comecinho, quando parecia cansativo demais aprender a usar as ferramentas em outro idioma. Você irá se acostumar com o “Confirmar alterações”, “Ramificações”, “Depurar”, “Compilar” enquanto todo o seu time estará falando “Commit”, “Branch”, “Debug”, “Build”.
Estes dois últimos até que são tranquilos, mas vale ressaltar que já estamos aportuguesando-os, os transformando em verbos como: debugar e buildar. Sim, eu sei, prefiro falar em português mesmo, e sim, a tradução poderia ter sido melhor para o “Confirmar alterações”. De fato, temos muito o que evoluir aí, seja como comunidade técnica, seja como escritor técnico.
Inclusive temos que nos esforçar sim para não trazer três palavras em inglês numa frase com 8 palavras. É ridículo, é querer se exibir, é [CONTEÚDO DELETADO PARA NÃO ARRANJAR ENCRENCA COM ALGUNS AMIGOS].
Porém isso não resolve um problema primordial, a maior parte dos conteúdos são feitos em inglês, poucas coisas realmente chegam no idioma brasileiro. Talvez após um evento que aconteceu ontem na Microsoft, o Microsoft Build, onde temos as principais novidades para desenvolvedores, tenhamos documentações escritas em pt-BR, mas eles são gigantes. Eles podem fazer isso. Não é o caso da maioria dos devs e criadores de conteúdos que existe por aí – globalmente falando.
Desde adolescente eu sofria com essa situação. Ao tentar seguir um tutorial que estava disponível somente em inglês e pedia para “Debug your application”, eu simplesmente não sabia o que era Debug ou passava vários minutos procurando na tela a opção “Debug” enquanto a que eu deveria procurar se chamava “Depurar”.
Saindo um pouco de programação e indo para Agilidade, temos o Definiton of Done e Definition of Ready, que sim, é possível traduzir para Definições de Concluído e Definições de Pronto, porém em momento nenhum, em empresa nenhuma que trabalhei, vi estes termos em português. Via sim abreviações: DoR e DoD.
É uma escolha aqui, nadar contra a maré ou ser prático?
Agora vamos falar de ferramentas. Grandes ferramentas como o Visual Studio, JetBrains, possuem traduções para o pt-BR, porém ferramentas menores, principalmente as baseadas em linhas de comando, não são adaptáveis ou traduzidas.
De um lado eu tenho o Visual Studio falando para “Confirmar alterações e enviar para o servidor” do outro, na linha de comando, eu digito “git commit” e “git push”.
Infelizmente não se chegará a um nível pleno, ou quiçá um nível júnior, somente com ferramentas em português, em algum momento você usará uma ferramenta em inglês e irá precisar armazenar duas informações na sua mente: “Commit” e “Confirmar alterações”, e então, com a prática vai perceber que não tem cabimento a tradução “Confirmar alterações” para o que o commit realmente faz.
Pior que isso, você será derrotado, pois sempre que falar “Confirmar alterações” em uma reunião ou qualquer outro lugar, ninguém, ABSOLUTAMENTE NINGUÉM, irá te entender. Somente você, no seu ambiente, está usando o “Confirmar alterações”. Até quem usa o Visual Studio em português o diz “Commit” ou aportuguesa “commitar”.
Claro, peguei o pior exemplo de tradução nos últimos parágrafos, mas é através deste contraste que eu consigo apresentar o que digo. Sexta a tarde, mente cansada, virando noites para entregar um projeto, você achou um conteúdo que pode te ajudar, ele está em inglês, google tradutor não traduz da mesma forma que está na sua máquina, então o que você prefere? Gastar os dois neurônios restantes em tentar traduzir, ou se arrepende de não ter colocado tudo em inglês.
É uma triste verdade, a batalha está perdida.
Acredito que com a senioridade este problema vai se apaziguando, que é possível começar a usar em português e que deve ser feito de tudo para mudar esse cenário. Porém se você está começando agora nesta área, você será mais grato por ter colocado tudo em inglês.