logo da vtnorton

📰 Outras postagens

O problema de cada rede! Sem Twitter, o que resta para nós?

O problema de cada rede! Sem Twitter, o que resta para nós?

#politica#opiniao#dev#tech
por vítor norton, em 26/04 às 00h00

O problema de cada rede! Sem Twitter, o que resta para nós?

Claro que o Twitter não se faz de o maior exemplo de democrata preocupado com as informações verdadeiras, na verdade, bem longe disso. Porém em um mar de empresas olhando cada vez mais o capital (e neste caso, não estamos falando de dinheiro e sim de dados), o Twitter estava sendo, ao menos para mim, uma alternativa. Agora se foi, e para onde iremos?
“Ok, mas se foi para onde? Eu continuo conseguindo acessar minha conta do Twitter”
Bom, é que temos problemas sérios e complexos que vou servir de porta de entrada para você entender aqui.

Facebook, Instagram e WhatsApp

O Facebook por si só já é um ambiente onde passou-se a reinar fake news e a disseminação de ódio, que foi propagada facilmente desde a eleição do Bolsonaro. Mas o problema do Facebook vai além, é mais estrutural.
Não há uma transparência eficiente dos dados que a empresa do tio Markinhos coleta, talvez você tenha passado batido pelo escândalo da Cambridge Analytica, que aconteceu em há quase uma década. Não deveria passar batido uma notícia dessa, mas vamos lá.
Sabe aqueles joguinhos de personalidade a afins? Pois bem, você passa esses dados para o desenvolvedor do joguinho – e ele é transmitido dentro da plataforma do Facebook. E apesar do Mark Zuckerberg dizer que não guarda estes dados, os dados de 87 milhões de pessoas foram passados para a Cambridge Analytica. Não, não estava nos termos de uso e política de privacidade que isto poderia acontecer.
Mas o que a Cambridge Analytica queria com tantos dados, qual o uso? Pois se for para ajudar a pesquisar a propensão de aparecimento de câncer em determinados cortes sociais e como fazer para evitar, é uma ótima pesquisa né? Mas não, foi usada nas campanhas do Ted Cruz e do Donald Trump. Sim, dados de milhões de pessoas dos Estados Unidos da America ajudaram a construir a campanha do Trump.
Dados que mostram que tipo de notícia chama atenção, que mostra o índice de credibilidade das fontes de notícia, que mostra até que horas você vai dormir, ou se está preocupado com uma possível gravidez ou sei lá, tudo! Tudo! TUDO!
Se você é um apoiador do Trump, imagina esses dados na mão da Hilary ou do Joe Biden. Se é para uma campanha utilizar dados tão fortes, que podem literalmente eleger presidenciáveis, então tem que ser comum a todos os candidatos. Ou pelo menos obtido de forma legal e com permissão dos usuários. Não foi o caso.
Caso queira entender um pouco mais deste caso, fica a minha dica para o documentário na Netflix Privacidade Hackeada. Se você acha, minimamente, que isso tudo não é nada e que não tem motivo para tanto pânico, então este documentário é obrigatório para você (mas eu sei que não verá). Inclusive, no finalzinho há algumas menções sobre como o comportamento do Bolsonaro e do Trump são parecidos neste contexto, fica a dica.
Pessoalmente falando, quero distância das empresas do Zuck, deletei minha conta do Facebook, estou cada vez menos usando WhatsApp, e tem o Instagram… Este está difícil largar, mas o mínimo que eu faço é restringir todas as políticas de privacidade, se é que de alguma forma eles respeitam isso.
Há tantos pontos que poderia trazer sobre o Instagram e o Facebook e como acho que eles estão sendo prejudiciais para uma internet saudável, mas vou deixar isso para um próximo texto, porém vamos iniciar esse assunto com o documentário Dilema das Redes, também da Netflix.

Telegram

Minha esperança ao sair do WhatsApp se tornou o Telegram, lá em 2019. Tinha tantas vantagens, mas poucas pessoas. Porém não durou muito, além de estar correndo um risco de ser bloqueado no Brasil, ele também não está ajudando a democracia, e supostamente permitindo vários discursos de ódio.
⚠️ Ok, precisamos estabelecer algo aqui e isto precisa estar claro na sua mente. A tão “Liberdade de Expressão” que é defendida pelo Trump, Bolsonaro, Elon Musk e etc., é para permitir discursos de ódio, que são porta de entrada para discursos nazistas, para pedofilia e tudo de errado que o ser humano já fez. Este é um assunto complexo, então: pesquise, leia, escute sobre, participe de debates.Não vai ser em um texto que irei te mostrar isso, muito menos em um parágrafo.
O problema não é o bloqueio do Telegram no Brasil, o que faz ser uma plataforma bem instável para eu colocar todas as minhas conversas lá, mas o motivo e estar concordando com a motivação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Isto porque o Telegram não tem uma sede no Brasil, o que faz com que ele “não precise” respeitar as regras brasileiras.
Tá, mas e daí? O problema é quando uma pessoa põe a vida da outra em risco, é o que aconteceu com tamanha desinformação disseminada pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. O não controle de informações falsas e especialmente, não ter acatado uma decisão judicial sobre a suspenção do perfil, é bem preocupante, especialmente em ano eleitoral onde o Telegram tem se tornado um antro de bolsonaristas.
“Não entendi, pode ir mais devagar?”– Claro!
Dizer que coronavirus não mata, que vacinas são chips da china, que a terra é plana, que foi a ida de Bolsonaro para a Rússia que fez com que o Putin retirasse um pouco das tropas da fronteira com a Ucrânia, e que somente a suposta escala desta viagem na Inglaterra foi suficiente para que a Rainha Elizabeth II melhorasse dos sintomas de COVID-19. Tudo isso parece ser na brincadeira, parece ser inocente. Mas vindo de membros de um governo e de pessoas apoiadas pelo governo, começa a ser um pouco mais sério, pois leva a morte de outras pessoas e não mostra que as soluções para os problemas são um pouco mais complicados do que somente mandar um homem para determinado lugar.
Tudo isso corre solto no Telegram. Corre solto no Telegram ódios extremistas, e principalmente neonazistas no meio disso tudo que usa como desculpa para estar lá: “só quero minha liberdade de expressão” enquanto na verdade estão pregando que “todas as pessoas Gays devem morrer”.
Telegram não é mais uma opção.

Twitter

Não era um lugar perfeito, porém quando precisou, bloqueou o Trump de utilizar sua plataforma após os ataques, incentivado por ele, ao capitólio dos Estados Unidos que resultou em 5 mortes e muita violência.
Eu NUNCA vou conseguir te explicar a relação de um com o outro, mas o historiador Filipe Figueredo do Xadrez Verbal consegue. Aprofunde esta conversa escutando o podcast sobre a Invasão do Capitólio dos EUA, a partir da minutagem de 2h e 24m até 4h e 18m. Como eu disse mais cedo, é um assunto complexo, não espere entender tudo somente em um textinho de um blog pessoal. Olhe, estude, pesquise, veja autoridades no assunto.
Longe de ser perfeito, em vista de como a Mark Z. trata suas empresas e por consequência nossos dados, e como o Telegram não se importa em excluir contas de fascistas e supremacistas, o Twitter se tornou uma possibilidade.
Não tão grande, mas o controle da sua rede era maior. O fato de poder ver todas as informações do feed em ordem cronológica sem um algoritmo escolhendo o que eu devo ler e saber, é bem bom. Claro que o Twitter já tentou mudar isso e deixa esta opção bem escondida, mas bem… que outra rede social está por aí?
Mas agora o Twitter tem um único dono, o Elon Musk. Segundo o próprio, a rede social tem um papel fundamental na liberdade de expressão em todo o mundo como “um imperativo social em uma democracia”. Porém, será que queremos deixar essa ferramenta tão potente, ou se Pah uma arma, na mão de uma única pessoa, ainda mais uma pessoa que defendeu o Trump quando ele foi banido? Uma pessoa com a ética e moral questionáveis?
A ideia de liberdade de expressão dada no primeiro artigo da constituição americana é ultrapassada, só os americanos que não enxergam isso. Os americanos e quem endossa eles somente por terem nascidos em um canto específico do globo. Mas para aprofundar um pouco esse assunto, vou trazer duas outras redes.

4chan e 8chan

Lançado em 2003 o 4chan tem mais de 900 mil posts por dia, lá a liberdade de expressão come solta, especialmente por ser 100% anônimo. O conteúdo de lá vai desde ataques na internet, ameaças de violência nos Estados Unidos, pornografia infantil e incentivo a ataque armado.
Também, é em nome da liberdade de expressão que é posta uma live no 4chan de um usuário da Nova Zelândia que inicia, em live, um tiroteio dentro de uma igreja.
Conteúdos não são banidos, pois as pessoas são livres para se expressar. Livres para armar ataques em massa, livres também para planejar atos de terrorismo.
Porém, no 4chan ainda há uma certa moderação. Os painéis criados lá precisam de aprovação para existir, item este que Fredrick Brennan tentou resolver com o 8chan. Zero moderação, 100% anônimo. Porém, até mesmo ele se arrependeu.
Este lugar é onde mora o Q. Ninguém sabe o quem é o Q, porém é o início de teorias de conspirações como o QAnon. Se quiser saber mais, veja o documentário Q: Into the Storm da HBO Max.
O QAnon é só o ápice das teorias de conspiração e por sua vez, mostra bem o motivo de essa suposta ‘liberdade de expressão’ ser preocupante, e cito a BBC aqui:
Adeptos do movimento impulsionam hashtags e coordenam ataques dos que consideram inimigos — políticos, celebridades e jornalistas que eles acreditam estar encobrindo os pedófilos.Não são apenas mensagens ameaçadoras online. O Twitter diz que tomou medidas contra a QAnon por causa do potencial de “danos offline”.Vários apoiadores do QAnon foram presos após fazer ameaças ou tomar medidas de fato offline.Em um caso notável em 2018, um homem fortemente armado bloqueou uma ponte sobre a Represa Hoover. Mais tarde, Matthew Wright se declarou culpado de uma acusação de terrorismo.Um estudo do instituto de pesquisa Pew Research Center em setembro de 2020 descobriu que quase metade dos americanos tinha ouvido falar do QAnon — o dobro do número de seis meses antes. Dos que ouviram falar, um quinto teve uma visão positiva do movimento.E para muitos adeptos, o QAnon forma a base de apoio ao presidente Trump.Trump, involuntariamente ou não, retuitou apoiadores do QAnon e, antes da eleição, seu filho Eric Trump postou um meme do QAnon no Instagram.Uma defensora do QAnon, Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, foi eleita para o Congresso dos EUA em novembro.BBC
Uma defensora do QAnon, Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, foi eleita para o Congresso dos EUA em novembro.
Quando o jornal diz que Trump “involuntariamente ou não”, eles estão sendo bonzinhos. Há diversas postagens do Trump no mesmo minuto ao logo após as postagens do QAnon com menções diretas. Não preciso nem dizer que este grupo é um dos responsáveis pela invasão do Capitólio.
Antes que você fale que estou utilizando somente exemplos americanos aqui, saiba que Bolsonaro se apoia e usa metodologias usadas pela campanha do Trump, inclusive com parcerias com Steve Bannon, este que está por trás de toda essa controvérsia desde o início do texto. Estamos em ano eleitoral, o que acontece nos EUA acontece aqui. Vamos vigiar.

Outras redes sociais

Bom, temos outras redes sociais, como o Snapchat – que foi capado pelo Facebook -, o TikTok que também tem várias controvérsias e que podemos ter medo dele assim como mostrado no documentário do Dilema das Redes.
Várias outras redes sociais aparecem todo dia, mas onde as pessoas estão? Pois bem.
A compra do Twitter pelo Elon Musk em nome da liberdade de expressão, é preocupante, visto esse cenário. Claro, há propostas boas que o Elon pretende levar ao Twitter (como evitar a propagação da praga do século XXI: os bots), porém, ainda sim: preocupante para todas as pessoas que são democratas e até mesmo patriotas.