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Dia após o deploy, hora do sono dos justos

Dia após o deploy, hora do sono dos justos

#pessoal#dev#cotidiano
por vítor norton, em 18/04 às 00h00

Dia após o deploy, hora do sono dos justos

Hoje foi dia de preguiça na rede, ouvindo música, vendo dois episódios de uma série, e comendo um chinês. Foi dia após deploy. Peguei um projeto grande, maior do que eu conseguiria sozinho, para ser feito fora do horário de trabalho. A saúde mental, de todos, já não anda muito bem. Foi o primeiro dia de descanso após quatro meses de intenso trabalho. Dois clientes novos refazendo o site, finalizando uma landing page, uma solução de sistema complexa que envolveu 100 horas de trabalho mensal. Tudo isso enquanto estive trabalhando normalmente, 8 horas por dia, na Lambda3.
Após o primeiro mês comecei a sentir a necessidade de parar tudo que estava fazendo. Estava mentalmente cansado, e com um medo absurdo de ter burnout a qualquer momento. Estava implorando para não ter mais uma reunião. Acordava desesperado às 2 horas da manhã ouvindo a chamada do Microsoft Teams, e demorava um pouco para perceber que estava tudo desligado. Chegava sábado e minha cabeça doía, muito, tamanho a quantidade de interações virtuais. Tamanho o número de latidos do outro lado da tela, os choros do bebê, o trem passando, avião, moto, tudo. O problema não era o barulho, e sim, ter um esforço bem maior para entender o outro.
Antes de embarcar nessa jornada de pegar mais trabalho, afinal, dinheiro é sempre bom, fui atrás de um apartamento novo. A ideia era principalmente sair dos 40 metros quadrados, quase sem sol, e com muito barulho da vizinhança, para um lugar mais amplo, com uma vista boa e grandes janelas. De fato me deu um gás. Se não tivesse me mudado estaria pirando.
A pior parte de pegar um projeto sozinho é saber que está fazendo um trabalho de qualidade, com mais de 300 testes, uma arquitetura incrível, e gastar três meses inteiros, do dinheiro do cliente, para não mostrar nada a ele. Sim, conheço o conceito de MVP, sim estamos indo atrás disso. Mas fazer todo o deploy automático, toda a arquitetura separada em pacotes, toda a segurança da API e a criação da infraestrutura, além de cuidar das histórias e dos bugs no board, tomam bastante tempo. É demorar três meses, para poder fazer um deploy, e deitar na rede, ouvindo Green Day sem se preocupar que está passando a imagem de quem não faz nada e só recebe o dinheiro.
Me cobro muito. Muito porque eu já fui o cliente, eu já coloquei meu dinheiro a prova, e porque tenho um respeito muito grande com o dinheiro que a minha empresa recebe e investe. Então alguém pagar minhas horas, é muita responsabilidade para mim. Não consegui descansar e ter o sono dos justos até o deploy.
Está longe de estar pronto, foi só a primeira função feita. Mas agora, tudo, absolutamente tudo, é uma nova função no sistema que começou do zero. Tudo é possível acompanhar pelo board e meu trabalho está sendo visto em tempo real. Mas o que mais me satisfaz, é que essa estrutura toda, é reutilizável. O próximo cliente não irá precisar esperar três meses, e sim uma semana. Mas isso é tópico para outro post.
Hoje diminui a carga de trabalho, aproveitei a semana de feriado antecipado em São Paulo para por as tarefas em dia. Foram três meses complicados, mas parece que agora tudo vai para a frente como deve ser.
Quero compartilhar mais essa jornada, de ser uma pessoa desenvolvedora, os perrengues e as partes boas.